domingo, 13 de março de 2011

The Feelies " Queriamos que o regresso fosse algo mais que apenas nostalgico " ( entrevista )

Os The Feelies são um grupo de New Jersey que se formou em 1976 e editou quatro albuns até 1992, altura em que cada um dos elementos seguiu o seu caminho.
Em 2008, a banda voltou a reunir-se pelo amor que mantêm pela musica e quem sabe voltar a editar um album, algo que acontece finalmente no próximo dia 29 de Março (here before).
Aproveitando a reunião e o regresso aos lp´s, o Musica Escrita entrevistou Glenn Mercer, o lider do grupo.

Foi dificil reunir os The Feelies ?
A partir do momento em que todos quiseram tocar juntos novamente, não foi dificil reunir a banda, só era preciso definir o timing da reunião. Discutimos algumas propostas para nos voltarmos a reunir durante os ultimos anos, mas houve sempre algo que impediu que isso acontecesse. Queriamos ter a certeza que estávamos a fazer isto pela vontade de fazer musica juntos e não apenas a pensar no dinheiro. Pretendiamos ainda ter tempo suficiente para escrever algumas canções e gravar um album, para fazer com que este regresso fosse mais relevante do que apenas nostalgico. No final, creio que a espera valeu a pena porque consegui manter-me ocupado gravando um album a solo em que participaram alguns dos outros membros dos Feelies, que serviu de “aquecimento” e me ajudou a ganhar energia. O sucesso dessas gravações deu-me a coragem que precisava.

Como se sentiu enquanto gravava o novo album, após tantos anos ?
O novo album foi gravado com muito trabalho, mas foi tambem muito agradável e muito recompensador. Passámos os primeiros seis meses antes de iniciar as gravações a fazer demos em casa, o que ajudou a preparar as coisas durante o processo de reunião. Basicamente, tinhamos uma noção exacta do que queriamos atingir a nivel sonoro e a melhor forma de o conseguirmos. As coisas foram progredindo muito calmamente e fui gravando algumas coisas no meu estudio, o que ajudou a manter o meu nivel de conforto bastante alto.

E a quimica entre a banda, continua a mesma do passado ?
Cada um de nós tem a sua maneira de abordar o seu instrumento e cada um traz o seu próprio estilo de tocar para a banda. Combinados, esses estilos fazem aquilo a que é convencional chamar de “quimica” entre a banda. Desde que continuemos a tocar o mesmo estilo musical, penso que essa “quimica” se mantem comnosco. Penso tambem que estamos mais refinados e envolvidos, mantendo a mesma linha que tinhamos anteriormente.

Estão prestes a lançar “Here Before”. O que podemos esperar do novo album ?
Penso que os nossos fans podem esperar um pouco de tudo no novo album. Temos algumas faixas mais rapidas que fazem lembrar as nossas raízes punk, algumas faixas mais calmas e acusticas e tocamos vários generos pelo meio. Incluimos treze canções, pelo que é mais expansivo que os albuns anteriores. Queriamos ter a certeza de expressar vários sentimentos e colocar diferentes texturas no disco. Usamos uma larga selecção de guitarras, Baixos, percurssão e bateria para atingir várias tonalidades. As musicas refletem tambem a essencia do nosso som e de cada um dos albuns anteriores. Penso que o disco está com uma sonoridade bastante clara, mantendo a organica.

Já tive a oportunidade de ouvir “Should be Gone”. O som pareceu-me algo diferente dos outros discos. Concorda ?
Partindo do principio que cada um dos nossos albuns anteriores teve o seu próprio som, não será novidade que o próximo tambem pareça diferente. Não estávamos interessados em recrear algo do passado. Outro factor importante é que a tecnologia mudou muito desde que gravámos o ultimo disco, em 1991 e a qualidade da produção cresceu bastante tornando o som mais claro.


Muitas pessoas ficaram a conhecer a banda depois de comprar as re-edições que sairam recentemente. Como se sentem ao saber que existem novas pessoas a descobrir o vosso trabalho ?
Todos pensamos que é excelente o facto de conquistar novos fans. É outro factor que mantem a relevancia desta reunião, transformando-a em mais do que pura nostalgia. É sempre gratificante conhecer fans, especialmente os novos, o que contribui para nos sensibilizar do nivel de sucesso que atingimos.

Li algures que “tocar todas as noites durante três meses não faz o nosso genero”. Ainda pensam da mesma forma ?
Eu penso que o que disse foi derivado ao facto de viajares muito enquanto estás em tour. Não desgosto de actuar ao vivo, e adoro tocar, mas o “rigor da estrada” (dormir em ambientes estranhos, comer em restaurantes, estar separado da familia, etc) pode ser muito duro fisica e mentalmente. Portanto, posso dizer que eu ainda penso da mesma forma.

O que conheçem de Portugal ?
Eu não conheço assim tanto de Portugal, excepto um pouco sobre geografia, o tempo e a comida. Mas isso acontece em variados sitios, nem do meu país conheço muita coisa.

Tencionam vir cá tocar algum dia ?
Para já não temos planos para fazer tours, apenas alguns concertos marcados para o final da primavera/verão, mas após isso, não temos nada agendado para algum sitio mais distante. Mesmo quando tocamos perto de New Jersey, já requer muito esforço da nossa parte. O Bill e a Brenda vivem noutros estados (Florida e Pennsylvania,respectivamente), o que nos deixa um pouco limitados, mas o mais importante é que quase todos temos familia e vivemos um dia a dia bastante preenchido fora da banda.

Gostaria de deixar uma mensagem final para os fans Portugueses?
Obrigado pelo apoio que nos deram ao longo dos anos. Peace and Love.



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